Três aspectos da visão religiosa

Há aproximadamente quatro anos, tenho estabelecido um contato pleno com inúmeros membros da tradição cristã. O cristianismo era pra mim, até então, uma religião cujo o cerne filosófico era único para as diversas correntes que se ramificaram com o passar dos tempos. Descobri que não é assim. Existem diferenças gritantes em termos teológicos nos mais diversos grupos. Nessa introdução, exemplifiquei com essa Tradição, mas isso se aplica à qualquer caminho espiritual. As lideranças cabalistas, por exemplo, na idade média (o berço da sistematização do pensamento cabalista) divergiam nas suas abordagens à cerca da Criação, da visão de Alma, das esferas do Ser, etc. Isso tudo é muito nítido pra qualquer um que se disponha a entrar no pensamento dos mestres das mais diversas Tradições, mas o objetivo dessa minha postagem, é refletir sobre o homem que não é liderança, sobre aquele que está submerso nos pensamentos dos mestres, e procurando entender o significado do mundo, ou o sentido de suas próprias vidas, sem, necessariamente, preocupar-se em "produzir" teologias.
 
 
Resumindo, proponho a reflexão sobre o ouvinte, sobre os que estão ali sentados nos bancos das Tradições, atentos aos ensinamentos dos sacerdotes.
 
Quando ouvimos a sabedoria das Tradições, estabelecemos um determinado tipo de interpretação. Quem frequenta, assiduamente, um determinado lugar que se dispõe à transmitir ensinamentos espirituais (igreja, sinagoga, mesquita, etc.) percebe que algumas pessoas são mais radicais em suas interpretações, outras são mais amenas, outras carregam um determinado cinismo, outras desconfiam de tudo e julgam todos à sua volta.
 
Dentro dessa análise, podemos relacionar 3 aspectos da visão do homem inserido num caminho espiritual: a visão Exclusivista, a Inclusivista e a Pluralista.
 
O homem de visão exclusivista, entende que a sua estrada espiritual vale tanto, que se alguém não o acompanhar, esse alguém está no caminho errado. O seu contato com a espiritualidade se estabeleceu de uma forma tão verdadeira, que suas experiências com o Sagrado atestam a via de mão única que ele enxerga em sua Tradição. Normalmente, o recém-chegado à um caminho espiritual, adota essa visão, e com o trilhar do percurso, migra para uma outra, ou desiste radicalmente. Essa visão nutre, muitas vezes, a discriminação e o fundamentalismo.
 
Existem também os inclusivistas. Para eles, uma outra Tradição, pode perfeitamente conduzir a humanidade à Sabedoria Divina. Essa visão reconhece que num universo alheio ao seu, sob a regência de outros códigos, existem pontos de verdades. Por exemplo, digamos que um judeu - isso é só uma suposição - enxergue que a Maria da Tradição Católica é a expressão da Shekhinah. Para ele, se trata da face feminina do Sagrado, porém, está encoberta na imagem da Virgem. Um possível pensamento brota em sua mente: "Eles não sabem que estão louvando a Shekhinah". Inclusivistas, pois sob a ótica do seu universo de sentidos, interpretam uma respectiva Tradição, incluindo sua familiarizada simbologia.
 
Os pluralistas são raros. Para eles, na diversidade se revela o mistério do Sagrado. A beleza do espírito se expressa nas mais diversas artes "recebidas" pelas Tradições. Pouco importa pra ele se o caminho é politeísta ou monoteísta, se é idólatra, pagão, ou o que quer que seja. Essas palavras não comunicam nada pra ele. Qualquer Tradição pode transformar o indivíduo e o mundo. Qualquer símbolo tem força. Qualquer mito traz uma verdade emoldurada pela sua poesia, na qual ele ousa apenas admirar...
 
A pessoa de Tradição, não se reduz à conclusões. O texto apresentado acima, é fruto de uma experiência. A postagem não apresentou todos os aspectos de uma visão religiosa, e a visão do homem é perfeitamente mutável.
 
Força e Cura, 
Pablo Zahav

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